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EXCOMUNGUEM-ME!
domingo, março 08, 2009
Ganhou destaque na última semana, na mídia brasileira, o caso da menina de 9 anos que vive em Pernambuco e foi estuprada por seu padrasto, engravidando de gêmeos. A gravidez era considerada de risco, além de ter sido concebida por um estupro. Sendo assim, uma junta médica avaliou o caso e diagnosticou que a menina dificilmente sobreviveria à gravidez, assim como os fetos que estavam em seu ventre. Então, amparados cientificamente e pela lei brasileira, o aborto foi concebido em um hospital de Recife.

A conduta, perfeita ao meu ver, dos médicos e da mãe da menina, gerou a este ato, já que a menina não tinha condições físicas de levar a gravidez adiante. Que fique claro que foi um caso de saúde pública e não pura e simplesmente de abortar por serem fetos frutos de um estupro. Eis que surge aqui o ato da Igreja Católica de excomungar os médicos e a mãe da menina grávida.

Leitores, a Igreja Católica é a maior assassina de todos os tempos. Matou mais que Hitler. Passou anos, décadas, séculos assassinando pessoas que não seguiam seus dogmas. Simplesmente por não serem católicos, pessoas eram perseguidas, mortas em fogueiras. Hoje é uma instituição riquíssima que vive sentada na cadeira de ouro de seus cardeais e na soberba de seus bispos e arcebispos falando sobre o que quer, como quer e agindo de maneira leviana. O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, deveria ser processado por danos morais pelos médicos e pela mãe da menina, por conta do achincalhamento a que os está submetendo publicamente. Vale esclarecer que nenhum membro da Igreja Católica veio a público repudiar a atitude do egrégio arcebispo, ou seja, esta é a opinião de toda a cúpula católica. Acabo de ler, inclusive, que o Vaticano emitiu nota apoiando a iniciativa do medieval arcebispo.

Quem é a Igreja Católica para julgar alguém assassino? Perdoem-me os católicos de plantão, mas é para isto que existem tribunais constituídos e laicos. A Igreja precisa se concentrar em ajudar as pessoas, aliviar as pressões do dia-a-dia, abraçar seus fiéis. Não é para ficar se metendo onde não lhe compete. Sinto vergonha de ter feito primeira comunhão. Solicito publicamente a minha excomunhão. Não suporto ter este “título” comigo. Fazer parte desta corja significa estar longe de Deus ou de qualquer outra divindade. Aos católicos que insistem, boa sorte. Amplifiquem sua fé, mas apenas ela. Não entrem numa de defender estes dirigentes que são acomodados e não têm o que fazer. Continuem a rezar, mas não deixem que dogmas medievais, ou mais antigos que isto, conduzam suas vidas.
Desde pequeno aprendi que fé não se discute. Mas atitudes como esta são altamente discutíveis. É impossível ficar calado diante da seguinte declaração do arcebispo supracitado: “O aborto é assassinato, estupro é falta grave. Para a Igreja, o aborto é passível de excomunhão, o estupro não.” E aí? O que dizer diante disso? Prefiro morrer na fogueira dos "hereges" a comungar novamente. REFLITAM!
posted by S. N. @ 02:22  
6 Comments:
  • At domingo, março 08, 2009 4:04:00 PM, Anonymous Anônimo said…

    sou contrário ao comentário pois sou católico. Espero que eu não seja julgado só por causa desta escolha, até pq se aqui se propôe uma mídia independente, espero não ser censurado.
    Em nenhum momento a Igreja se disse a favor do estupro. Ela repudia o ato, como repudia o aborto. Em questões de fé, a Igreja preza, prioritariamente, pela vida. Mais uma vez eu falo, não há defesa de estupro.
    E acho que vc foi infeliz em falar que a Igreja achincalhou os médicos e parentes da menina. Pelo o que eu venho acompanhando na mídia (aparentemente não independente), a Igreja é que está sendo interpretada como a errada - vide que até o Lula se posiocionou contra ( então, por ser a única a se colocar numa posição "conservadora" e imutável, realmente a Igreja será alvo destas críticas).
    Eu como católico lamento que vc esteja negando a primeira comunhão. O ato de excomungar não é uma passagem direta para o inferno. E a igreja não deseja isso pra ninguém. O aborto vai de encontro a um dos mandamentos (não matar, acredito que vc saiba disso), assim como não honrar pai e mãe, sexo antes do casamento... E se eu peco contra um dos mandamentos, estou sem comungar com Cristo, logo, excomungado, até que eu me arrependa.
    Espero , do fundo do meu coração, que o estuprador tenha se arrependido (Deus é amor e é misericórdia - pelo menos minha fé me leva a crer nisso)assim como os causadores do aborto.
    Sei que é polêmico e, assim como a Igreja se posiciona, eu tb o faço.

     
  • At domingo, março 08, 2009 6:28:00 PM, Blogger S. N. said…

    Obrigado pela visita. Mas volto a dizer que a Igreja Católica é a instituição mais assassina do mundo. Portanto, devia se auto-excomungar.

    Seja sempre bem-vindo!

     
  • At domingo, março 08, 2009 10:51:00 PM, Anonymous Anônimo said…

    Já havia visitado este blog há uns 2 meses antes e por N motivos nunca havia postado comentário algum. Mas, diante desse texto, tenho de me pronunciar. De acordo com o que escreveu, posso, então, dizer que sou uma excomungada, pois nasci e fui criada na Igreja Católica, creio em alguns de seus dogmas, mas não frequento nenhuma religião há alguns anos e já cometi "coisas" que resultariam numa bela expulsão dos reinos dos céus! Mas, calma, não sou nenhuma criminosa. Sou de carne e osso e tendo a cair nas mesmas tentações que você e mais não sei quantas milhões de pessoas.
    Entendo perfeitamente o papel da Igreja num caso polêmico como esse e discordo dela em alguns pontos também. Como o internauta acima disse, somos contra todo tipo de ato que venha tirar a vida de alguém, isso inclui o aborto. Em uma situação como essa, tb fui a favor da interrupção da gravidez. Não só por uma condição física mínima, mas pelo psicológico dessa criança que ainda se distrai com suas bonecas. Em todo o Brasil milhares de crianças e adolescentes e até mesmo mulheres adultas passam por esse tipo de situação diariamente. Quando o caso vem à tona, é um Deus nos acuda.
    Um dos papéis da Igreja é, sim, evitar que vidas sejam interrompidas. O que choca demais é a forma de seu pronunciamento. A Igreja não sabe se manifestar, tampouco, se fazer compreendida. Um exemplo? A velha história da camisinha. A Igreja não é contra a camisinha, e sim a favor de sexo após o casamento, da castidade. Como temos uma juventude transviada, se existe a camisinha, logo, posso transar com quantos homens eu quiser! É justamente essa idéia que a Igreja não quer que as pessoas tenham. Mas, sempre que toca no assunto não foca nos princípios do matrimônio. Por isso as idéias ficam tão deturpadas.
    Essa coisa de excomungar é tão antiga e algumas autoridades da Igreja continuam a pensar dessa forma. Ora, nos tempos de hoje, sabe-se bem que o papel da Igreja é orientar, esclarecer e ensinar de acordo com os mandamentos de Deus. Apesar de o tempo ter passado, alguns insistem em brincar de ser Deus. Nenhum padre, bispo, cardeal, pastor ou seja lá quem for tem poder de perdoar como Deus pode fazer. O que a sociedade tem que fazer é agir de forma sensata, mesmo que contrarie essas leis eclesiásticas, como a mãe da menina e os médicos fizeram.
    Padre Fábio de Melo uma vez disse "... a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito". Se digo que fui ou que sou católica, posso estar contradizendo a Igreja ao dizer que nenhum padre um dia vai dizer o que posso ou o que não posso fazer. Religião é um misto de doutrina com conduta moral. Não deixo de matar, trair ou invejar, enfim, "pecar" por temor a Deus, mas porque sei que são coisas que não dizem respeito à minha conduta pessoal. Aí, eu fujo das regras dessa religião. E como penso diferente do que aprendi no catecismo, na crisma, passei a não frequentar, como no velho ditado "os incomodados que se mudem". Minhas contas, eu acerto com Deus!
    O seu pensamento sobre a Igreja Católica é tão antigo e preconceituoso, retrógrado, parcial e radical como de revolucionários de décadas e décadas atrás. Em nada se parece com o discurso de um jornalista que pode, sim, se expressar, mas, não deve se esquecer que nem todo mundo que for ler isso pensa como vc. Tenho plena consciência do que vc julga errado dentro da Igreja, até porque podem ser as mesmas coisas que eu também condeno, mas, ao invés de bombardear, porque não sugere uma forma de diálogo com os seus leitores? Como profissional da comunicação deve pensar nisso. Mesmo que seja uma utopia, como as propostas de paz no Oriente Médio, onde as guerras de fins religiosos e territoriais nunca vão acabar porque a cultura deles é de guerra. Bom, o blog é seu, certo? Vc manda. Concordando ou não com o que escreveu, os internautas percebem ao longe que o texto não é uma atitude de coragem, de quem escreve sem medo, mas, uma velha ideologia, como daquelas pessoas que questionam se Deus é tão bom, por quê existe fome, miséria, etc e tal. Lamento que vc sinta vergonha de sua primeira comunhão que é apenas uma representação simbólica muito bonita da presença de Deus e desse significado em nossas vidas.

     
  • At domingo, março 08, 2009 11:34:00 PM, Blogger S. N. said…

    Agradeço o comentário, leitora Fernanda, e venho por meio deste apenas esclarecer alguns pontos:

    Este blog é meu sim, mas estou longe de fazer dele um espaço autoritário ou de mão única. Expresso minhas opiniões para provocar meus leitores, provocar reações como a sua, por exemplo.

    O fato de ter uma opinião não significa que a verdade esteja comigo, mas sim que refleti e expus uma visão sobre o assunto. Quanto a concordar ou não, vem da subjetividade de cada um. Jamais quis ser preconceituoso com a Igreja Católica e nem tenho essa intenção em nenhum dos meus textos. Os preconceitos ficam do lado de fora da minha temática sempre. Mas não a minha opinião. Esta sim está sempre muito presente. Este blog tem como base a argumentação, a opinião, uma visão dos fatos que chegam aos leitores pela "grande imprensa".

    Quanto ao meu "julgamento", ele é baseado no que leio, vivo e presencio. Obviamente não sou coroinha, assistente de padre, fiel ou qualquer outra pessoa que participe do dia-a-dia da Igreja. Tenho certeza que neste mundo católico existe muita gente de bem e, até mesmo por isso, para evitar generalismos, não tentei em nenhuma linha do texto convencer os católicos a rasgarem suas convicções. Pedi apenas para pensarem com suas cabeças e não com os dogmas, estes sim, ultrapassados, retrógrados e preconceituosos de uma Igreja que insiste em viver em outro mundo.

    Obrigado por sua contribuição e sempre apareça. Meu texto conseguiu te atingir plenamente, provocando sua reflexão, aliás muito sensata. Provocar reflexão não significa arrebanhar pessoas para um lado. E esta é a minha proposta.

     
  • At sexta-feira, março 13, 2009 2:22:00 PM, Anonymous Anônimo said…

    VC é coerente, fala baseado em fatos, não em dogmas. Parabéns. Nunca fui religiosa, graças a Deus!

     
  • At sábado, março 14, 2009 8:07:00 PM, Anonymous Anônimo said…

    Esse assunto gera mesmo revolta indignação e provoca o senso das pessoas, como o autor do blog e dos leitores em geral. Porque afinal os frequentadores deste blog são sim pessoas que pensam. E seja qual for a sua opnião, ela merece ser respeitada, provocada e ouvida. Este é o objetivo de um comunicador. Mas também não posso negar, que o discurso aqui exposto foi pouco parcial e muito provocador, por ser de uma imprensa livre e aberta. Mas o tempo e a maturidade profissional e pessoal trazem o dom de provocar sem se expor, de conquistar e convencer o leitor a dar suas opiniões sem agredi-lo como o texto. Que você não perca a ânsia da juventudade de argumentar ,mas que a maturidade te traga argumentos sólidos e suaves. "perder a ternura jamis" era o tema da revolução lembra?

     
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Nome: S. N.
Local: Rio de Janeiro, Brazil
Sobre o Autor: Jornalista.

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