TEXTO DE BRUNO MOURA - Estudante de Jornalismo
Há muitos mitos em relação ao voto nulo e branco. Interesses alheios ao esclarecimento da sociedade e o descaso acerca de nosso papel na democracia, são os principais responsáveis pelo surgimento de correntes ideológicas disfarçadas de informação. Uma das principais correntes propagadas hoje em dia, diz que se em uma eleição o número de votos brancos e nulos totalizar mais de 50%, a eleição seria cancelada e os partidos teriam um determinado tempo para apresentar novos candidatos. Trata-se, infelizmente, de uma interpretação errada lei. Porém, a maior de todas as correntes ideológicas não é feita no anonimato dos spans da internet, mas pela propaganda da justiça federal vinculada em redes rádio e televisão. Em nenhum momento da propaganda vinculada pelo governo esclarece-se alguma coisa sobre os votos brancos e nulos. É curioso ver que há na urna eletrônica um botão escrito “BRANCO”, e que contraditoriamente, o governo demonstra pouco interesse em esclarecer para serve o botão em questão. Em vez utilizar o espaço de rádio e tevê para explicar como funciona o sistema eleitoral e político brasileiro, a propaganda se preocupa em nos dizer que é importante votar em algum candidato, já que desconsidera o voto nulo e branco como opção.
Esta abordagem, que teria como princípio conscientizar o povo sobre seu papel numa democracia, acaba por excluir o mesmo do sistema na qual faz parte, diminuindo sua participação democrática ao voto, tendo que se contentar em eleger um dos candidatos apresentados. A fundamentação ideológica é de que o eleitor deve votar, não importando se está seguro ou não sobre as qualidades e defeitos de seus candidatos. No simples ato de votar em alguém, o cidadão estaria fazendo a sua parte e colaborado para um Brasil melhor. Pouco importa, no final das contas, em quem se vota, o importante é votar.
A ideologia por trás de tais propagandas é a do conservadorismo, calando a todo custo a consciência política transformadora. Votemos no menos pior e concordemos em fazer parte deste sistema político de candidato menos piores, de falsas opções das quais não representam nenhuma mudança. Nas eleições seguintes, tanto os piores, quanto os “menos piores”, voltarão a se candidatar, e a política nacional parece fadada à mediocridade de todos aqueles eleitos que não resolvem nossos principais problemas.
É obvio que mais importante que votar, é votar bem. Temos exemplos bem significativos nesta eleição de candidatos que mereciam não ser votados e de eleitores que certamente preferiam votar na pessoa errada a ter que “desperdiçar seu voto” - outro mito . Desperdiçar o voto é votar sem consciência; é votar mesmo sabendo que não vai fiscalizar o candidato se eleito; é saber que ao passar de 4 anos, provavelmente terá esquecido em quem votou. É errado cobrar manifestação política de pessoas despreparadas e desprovidas de consciência política. É mais que erro, é covardia e irresponsabilidade.
Se eu não sei, eu passo a vez. Eu voto em Branco.
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É... o texto do Bruno é um chute no estômago de todos nós.
A ardilosidade vem tanto do TSE, que veicula as propagandas, como da própria mídia e dos institutos de pesquisa... Tudo muito nebuloso sempre.
Como certa vez disse Millôr Fernandes, deveria haver a tecla "Vai à merda" na urna eletrônica.
Eu havia declarado há alguns dias que meus amigos e parentes tinham 20 dias pra me convencer a votar nulo.
Estou convencido.
Parabéns pelo texto e pela reflexão!