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O RIO POR TRÁS DA PAISAGEM – TROPA DE ELITE
terça-feira, outubro 09, 2007
Sem crédito para os usuários
O filme mais comentado do ano no Brasil é o “Tropa de Elite”, de José Padilha. Muito pela pirataria, que segundo especialistas, vendeu mais de 1 milhão de cópias, além de downloads via internet. Depois, o debate caiu sobre a postura do Capitão Nascimento, vivido no filme por Wagner Moura, excelente ator baiano. E, para completar, começou a se tratar o filme como apologia à violência policial.

O que me parece claro é que o filme trata o mundo a partir da lógica de policiais. Policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O filme pretende mostrar a forma como pensa um policial do BOPE, seus conflitos familiares, pessoais, a lógica da corrupção do comando da PM, os confrontos com traficantes, o tiroteio a esmo nas favelas, entre outros. O filme mostra tudo isso. E tudo isso não passa de realidade.

Convido aos que dizem que o filme é fascista, defensor da violência contra a violência, a viver a vida de um policial HONESTO do Rio de Janeiro. Imaginem-se saindo de casa de manhã cedo e chegando tarde da noite. E pensem que, o tempo em que vocês estiverem na rua, estarão com uma alça de mira na testa.

Vejam-se subindo um morro dominado por traficantes com pistolas, fuzis, bazucas e armas para derrubar avião, além de granadas e bombas. Lembrem-se: as alças de mira estão em suas testas. O que vocês fariam? Distribuiriam flores? Não, atirariam. E, em uma distância de 500 metros, entre o atirador e o alvo, existem dezenas de candidatos à balas perdidas. No meu entendimento, quem vive na favela tem que sair da rua quando a polícia sobe. Não tem jeito. E mesmo assim ainda há risco. Mas... o que fazer senão atirar contra os bandidos? Se vocês não atirarem, eles te matam.

O filme não pretende transformar ninguém em herói, apesar da leitura feita por “Carta Capital” na edição desta semana. O filme mostra a realidade de uma guerra “oculta” que acontece todos os dias nos morros da cidade. E é no morro por que lá existem pobres? Não. É porque lá estão os traficantes. Chega de achar que a polícia mata pobres, 90% por bala perdida, simplesmente por viverem na linha de tiro, porque quer. É preciso refletir a realidade.

Há também críticas à classe média alta, quando alunos da PUC são usuários de maconha e acham tudo lindo. Padilha põe o dedo em uma ferida antiga, que ninguém ousa tocar. A responsabilização da sociedade influente, vulgo elite, atrapalha muitos interesses e choca madames e executivos. Mas, pensemos, haveria tráfico se não houvesse consumidores? Como dito acima, é preciso refletir a realidade.

Aliás, a sociedade e a mídia têm dificuldade para discutir a realidade. Preferem mudar o foco da conversa. O cineasta José Padilha pretende apenas discutir essa realidade através da linguagem ficcional. O filme é brilhante, firme, cru. Não há maquiagem. Vai direto ao ponto. E isso incomoda. Incomoda quem insiste em achar que “o rio de janeiro continua lindo.”
posted by S. N. @ 00:33  
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O Autor

Nome: S. N.
Local: Rio de Janeiro, Brazil
Sobre o Autor: Jornalista.

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