Em mais um episódio lamentável na esfera da segurança pública do Rio de Janeiro, o exército brasileiro, representado por 11 oficiais acionados para proteger a execução de um projeto do governo federal no Morro da Providência, no centro do Rio, executou três jovens moradores da comunidade. Sim, leitor, o exército executou. Ou o tenente que entregou os rapazes aos traficantes do morro rival achava que eles iam levar uns puxões de orelhas e conduzidos educadamente às suas casas?
É muito fácil agora apresentarem defesas como: “São apenas 11 em uma esfera muito maior.” Ou então: “São exceções, maçãs podres de um pomar.” Acontece que se esses mesmos oficiais fizessem alguma ação louvável, todos diriam: “O exército é uma maravilha!” Ou: “O exército tem que participar da segurança urbana, abaixo à PM!” Pelo menos esse episódio serviu para mostrar que não é bem assim que o sistema funciona.
A população carioca, em pesquisas encomendadas por órgãos públicos e privados, queria o exército patrulhando as favelas, áreas de risco e adjacências. Cheguei a ouvir de pessoas que nada têm a ver com a favela e de moradores de comunidades que o exército era a solução, pois ocupava o território e espantava os traficantes. Esse episódio deixa claro que a ligação dos militares é tão intensa com o tráfico quanto a da polícia militar.
E eu falo das instituições mesmo. Como falei, quando é bom, pertence à instituição. Quando não é, é exceção. Isso tem que acabar. As instituições só vão melhorar quando o Estado fizer por onde e admitir seus erros. Se a PM faz bobagem, a culpa é do governador. Se o exército faz bobagem, a culpa é do presidente. É preciso assumir as (in)competências.
Em quem a população pode confiar? A polícia, seja civil ou militar, se corrompe. O Exército se corrompe. Os legisladores se corrompem. O poder executivo se corrompe. O judiciário se corrompe. Estou falando demais? Leiam alguns nomes abaixo:
- Odinei Fernando da Silva – Policial Civil e apontado como chefe da milícia de uma favela da zona oeste do Rio; - Tenente X – Militar que comandava a ação no momento em que os jovens foram abordados no Morro da Providência; - Álvaro Lins – Deputado Estadual no Rio; - Carlos Alberto Bejani – Prefeito de Juiz de Fora; - Nicolau dos Santos Neto – Ex-Juiz em São Paulo.
O juiz Nicolau foi o único já condenado judicialmente. Pegou 26 anos por desviar mais de R$ 170 milhões na construção do TRT-SP. Hoje, já idoso, vive mais em prisão domiciliar do que no presídio, onde deveria estar.
Como vamos dizer aos jovens como os três que foram executados pelo exército brasileiro e que vivem em condições super precárias que o crime não compensa? Enquanto não se preocupam em garantir educação, saúde, cultura e emprego para a população, os governantes se elegem e reelegem com programas assistencialistas como bolsa família, cotas universitárias para negros e estudantes da rede pública, restaurantes populares.
Afinal de contas, caso o povo se eduque, se instrua e tenha condições de raciocinar e se mover de forma segura, o voto será mais pensado e, provavelmente, 90% dos políticos que estão no poder hoje tenham que sair fugidos do Brasil ou viver em comunidades como o Morro da Providência, pois estes 90% não sabem fazer nada além de mandar alguém fazer algo ou lesar a população.
O dia que o povo souber a força que tem... Sinceramente, creio que nunca vai saber, pois sempre vai haver um “bolsa ilusão” para acabar com qualquer possibilidade de levante. |
Acho que nada vai mudar nunca. O povo vai ser sempre um povinho e quem poderia mudar alguma coisa vai querer sempre dinheiro! Vivemos em um mundo capitalista onde as pessoas nunca estão satisfeitas com o que tem, sempre querem mais.
Ps. Gostei do "de levante"! :)