Sérgio Cabral aproveitou um momento de entrevista, por conta das tragédias 'ocasionadas pelas chuvas', e, segundo o blog do G1, soltou a pérola: “A culpa é de toda sociedade.” Gostaria de dizer a vocês, leitores, que concordo com o Governador. Realmente devemos fazer uma autocrítica. Mas queria dizer ao senhor Governador que a maior culpa que a sociedade tem é de continuar elegendo políticos inoperantes como ele.
Longe de querer defender o prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, que foi metralhado pela imprensa, principalmente pela Globo, por permitir a ocupação e urbanizar, de certa forma, o Morro do Bumba, que desabou integralmente em decorrência das últimas chuvas que atingiram a cidade, Sérgio Cabral também faz investimentos constantes em área de ocupação irregular. E olha que o político declarou: “Isso foi um alerta grande. Uma demonstração de que é necessário fazer ações para impedir a ocupação irregular”.
Pois bem, vamos lá. Só no Complexo do Alemão, com obras de urbanização, construção de escola, algumas unidades habitacionais (longe da necessidade) e um caríssimo teleférico, que vai ligar pontos do complexo com estações de metrô e trem, o Governo do Estado e o Governo Federal estão investindo, juntos, cerca de R$ 1 bilhão. Isso mesmo, leitores, hum bilhão de reais. E isso é estimativa. O valor pode ser bem maior no fim das contas. Alguém aí acha que as favelas que integram o Complexo do Alemão são ocupações regulares? Então... Considerem ainda que o Governo do Rio, recentemente, fez, e faz, obras de urbanização em outras comunidades do Rio, com investimentos totais girando em torno de R$ 3 bilhões só neste ciclo governamental.
Outro detalhe: o Complexo do Alemão tem, segundo o site IG, em reportagem da Agência Estado, cerca 300 mil habitantes. Se considerarmos que o preço da construção de uma Unidade Habitacional de dois quartos, observando critérios das casas populares construídas tanto pelo governo do Rio quanto pela União, é estimativamente R$ 30 mil, seria possível construir, com a grana gasta em urbanização de ‘áreas de ocupação irregular’, 100 mil Unidades Habitacionais. Se pensarmos em clãs familiares de cinco pessoas em média, teríamos 60 mil famílias no Complexo do Alemão. Dá para perceber o que poderia ser feito com tanta grana usada em obras em ‘áreas de ocupação irregular’?
Ao contrário do governador do Rio, do Presidente da República, dos Prefeitos do Rio e de Niterói, nós somos pessoas inteligentes, pensantes e fazemos conta. Certa vez, conversando com um político do interior, que não é nenhum figurão da politicagem estadual, ouvi deste senhor o seguinte: “Eu não construo casa. Casa não dá voto. Você ganha votos de 40 famílias e perde de 80. Asfaltando rua e colocando uma crechezinha eu ganho o voto de toda a comunidade.” Fácil saber o por quê da tragédia, não? Infelizmente, a culpa é minha e de vocês. Nós votamos neles.
Quando Eduardo Paes, há pouco mais de 24h, concedeu uma entrevista coletiva bastante irritado com algumas questões impostas por jornalistas presentes, “o autoridade” soltou a seguinte óbvia afirmativa: “Eu não acho que uma chuva dessas cai todo dia. Se vocês acham, tudo bem.”, referindo-se aos temporais que caíram pelas ruas e o consequente inferno nas vias públicas e mortes causadas por deslizamentos de terra nas favelas da cidade. Pois bem. Concordo com o Prefeito. Mas o caos, esse sim, acontece diariamente.
Odeio aquele papinho de carioca bairrista que diz que a cidade tem problemas como outra 'qualquer grande metrópole'. A mim soa como se fosse aquele amigo que dá tapinha nas costas de outro mesmo vendo o cara fazer um monte de burradas. É tapar o sol com a peneira. Alguém são, consegueria comparar o Rio de Janeiro a Londres? Ou a Paris? Quem sabe a Barcelona? É típico de quem não quer ver que é enganado o tempo todo pelas autoridades. É aquele marido que é traído, mas que diz que ama a mulher e fecha os olhos para todas as evidências e alertas dos amigos.
A cidade é maravilhosa? Sim, é. Naturalmente maravilhosa. E só isso. Anos e anos de governos incompetentes, em todas as esferas, transformaram o Rio num alojamento para sonhadores que vêm de todas as partes do Brasil e diminuíram os cariocas, e também os que vieram de fora para morar aqui, à pecinhas de tabuleiro de imagem. O povo sorri quando vê uma câmera de televisão. Então, o povo é feliz. Dane-se que o povo não tenha escolas decentes. Dane-se que uma parcela enorme da população paga tributos para ter hospitais gratuitos e precisa pagar plano de saúde para conseguir sobreviver a uma simples crise de apendicite, por exemplo. Ou aceitamos o regime de “bi-tributação” ou abandonamos o barco.
"Ahhh... mas está tudo lindo! Isso acontece em todos os lugares!" Uma ova! O Rio de Janeiro é um lixo se considerarmos a estrutura urbana. A cidade é cercada por favelas, onde residem pessoas de bem abandonadas pelo Estado e bandidos. A cidade possui prédios de luxo na Zona Sul e Oeste, onde residem pessoas de bem que desistiram do Estado e bandidos piores que traficantes, incluam-se nossos governantes queridos.
É “pão e circo” o tempo todo. Não é possível que eu esteja sozinho nessa. Abandonem suas utopias por um só momento e percebam a porcaria que é viver aqui. Não adianta ir à praia, jogar um futebol no Aterro, surfar na Prainha, tomar uma cervejinha na Lapa... É preciso encarar a realidade. R-E-A-L-I-D-A-D-E. "Nua e crua." Só assim poderemos cantar junto com o poeta que o “Rio de Janeiro voltou a ser lindo... de fato e direito.”
Despeço-me com a frase do operário ‘tão amado’ que se tornou Presidente da República: “Junho e Julho são meses mais tranquilos, e o Rio de Janeiro está preparado para fazer as Olimpíadas e a Copa do Mundo.” Parabéns aos que defendem o atual Rio. Devem estar absolutamente mortos de felicidade com esta afirmação tão... infeliz. Lula não anda de ônibus. Cabral não pega a Barca. Eduardo Paes não freqüenta o Metrô. Os velhinhos do COI também não fazem nada disso. Mas... e você? Pense nisso.
O governador do Rio chorou. O prefeito esbravejou. Autoridades falaram muito do tal corte que a “emenda Ibsen” propôs na grana que o Rio de Janeiro recebe de royalties de petróleo. Não vou entrar no mérito se é certo, se é errado, se vai enterrar o Estado ou não. Vou entrar no mérito do mérito. Sim, não digitei duas vezes errado não. O mérito a ser analisado aqui é o porquê tanta histeria governamental.
O Rio, como vocês sabem, vive uma situação de caos. O problema “não é” deste governo, já que as crises da segurança, da saúde, da educação, entre outras, são históricas. Este governo até que está buscando soluções interessantes em algumas áreas, como as ocupações definitivas de favelas outrora dominadas pelo tráfico. Mas ainda é muito pouco.
Alguns dias depois da reclamação geral das autoridades, a máscara caiu. Eles não estão preocupados em defender a mim, nem a vocês. Estão preocupados com as obras das Olimpíadas de 2016. E da Copa de 2014. Sendo que, eu ouvi, lá atrás, que os maiores investimentos seriam de origem privada... Você acreditou? Nem eu. E agora estamos provando o que suspeitávamos. Nesta quarta, dia 17/3, na região da Candelária, no centro do Rio, acontecerá um ato público de repúdio aos cortes dos recursos cariocas. Neste ato, caso você resolva ir, use aquelas bolsas internas, pois os assaltos vão acontecer desmedidamente, como em tudo que reúne multidão no Rio de Janeiro. Sem falar que só Deus sabe se terá luz para o evento, já que o centro da cidade vem sofrendo com o péssimo serviço da concessionária de energia elétrica, no caso, a Light. E se chover forte, como vem chovendo diariamente no fim da tarde, evite ir de carro. Com certeza você pode ficar preso numa imensa poça que se formará na Praça da Bandeira, ou no Aterro do Flamengo.
Se você passar mal, se vire. Os caras da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) vão estar no protesto. Pelo menos metade deles, já que o governador decretou ponto facultativo a partir das 14h. E a UPA vai estar com a habitual lotação de sempre. Se for de ônibus, cuidado para não voltar tarde para casa. Assaltos são freqüentes nos coletivos da cidade, principalmente à noite. Então, é isso. Perdão se você estava se iludindo, achando que essa grana voltaria ao orçamento e aos cofres estaduais para melhorar sua vida. Ela pode voltar, mas para pagar empreiteiros do Brasil, para obras que beneficiem o governo no quesito olimpíada.
E o legado? Só acredito vendo. Lembra do Pan? Nada. Nada restou para quem mora aqui. Só o Engenhão, usado para futebol, o Maria Lenk, usado para dar dengue nas águas paradas do complexo aquático, e a Arena Multiuso, usada para gerar lucro para o HSBC, administrador atual do empreendimento construído com a nossa grana. Mas como diria o sambista... “O show tem que continuar...”
O blog esteve parado por exatos cinco meses por absoluta falta de tempo deste que os escreve. Prometo mais empenho na tarefa de trazer interessantes reflexões para todos nós. Obrigado pela presença!
O Rio de Janeiro viveu, neste sábado, 17/10, mais um capítulo de sua guerra civil. Em uma disputa de traficantes pelo comando do Morro dos Macacos, na Zona Norte da cidade, a polícia foi acionada e os confrontos geraram mais de dez mortes, além de um helicóptero da PM abatido pelos bandidos e dez ônibus (pelo jornal O Dia e oito pela Globo News) incendiados pelas ruas da região.
A região atingida não fica próxima aos cartões postais que aparecem na TV e que são frequentemente visitados pelos turistas. Para quem não conhece, o Morro dos Macacos fica em Vila Isabel, próximo aos acessos a vários outros bairros da cidade, tanto da Zona Norte quanto da Zona Oeste. Além disso, cercanias da Mangueira e do Jacarezinho foram atingidas pelos incêndios aos ônibus. Sendo assim, milhões de cariocas foram atingidos,além das comunidades em destaque, pela guerra carioca.
O que falta ao Rio é autocrítica. As autoridades vendem a cidade pelo Cristo Redentor, pelo Pão de Açúcar, pela Praia de Copacabana. Os vídeos apresentados ao COI e ao mundo nunca mostram as favelas. Nunca. Nunca diz que aqui se mata por nada. Nunca se diz que a cidade é extrememanente insegura, mal iluminada, mal policiada. Nunca se diz o inferno que o carioca precisa viver todos os dias, seja em um hospital lotado, seja no trânsito caótico, seja no meio de um tiroteio. Nunca se fala que a educação carioca beira o ridículo. Obviamente os problemas não são peculiares ao Rio, mas sim ao Brasil, país subdesenvolvido, paupérrimo, fraco e iludido. Iludido pelos que têm mania de grandeza, o que acaba contaminando grande parte da população.
Convido a todos que observem a cidade de uma via pública conhecida. Aquele viaduto que fica na região do antigo JB e dá acesso à Perimetral e à Av. Francisco Bicalho. Bem próximo da bifurcação, observem 180°. Perceberão que o perigo está mais próximo do que imaginam. E se trancar em casa não vai adiantar. Já já uma bala perdida poderá fazer parte de seu cotidiano. Não adianta se esconder.
É lamentável o cenário. Mais uma vez o carioca é achincalhado pelo governo e pelos bandidos. Agora, respondam uma coisa: o Rio é produtor de armas de grande porte? No Rio se faz cocaína pura? No Rio se produz crack? A resposta é não para as três perguntas. É tão difícil assim bloquear a chegada dessas coisas? Acho que o que falta é interesse. Não duvido nada que muita gente envolvida na segurança do Estado têm interesses nesses negócios...
O Rio de Janeiro é a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Alguém duvida do sucesso dos Jogos? Não. Nem eu. Acho que será um sucesso, não vai dever a nenhuma outra Olimpiada já vista. O que deve e continuará devendo? Segurança, transporte, educação, saúde e oportunidades. Se serve de consolo, hoje começa o horário de verão. Pelo menos entre meia-noite e uma da manhã estaremos seguros. Reflitam sempre.
Mãe desesperada por perder a filha com bala perdida - A cara do Rio
Esta semana, precisamente na sexta-feira, dia 02/10/2009, será escolhida na Dinamarca a sede dos Jogos Olímpicos e Para-Olímpicos de 2016. O Rio desponta, segundo sites especializados, como favorito para vencer a disputa. O que pode significar um descalabro mundial e um desrespeito à população carioca.
Sei que todas as cidades do mundo têm problemas com violência. Mas não consigo acreditar que Madri, Tóquio e Chicago, as cidades adversárias, possam ser como aqui. No Rio você não tem segurança nem dentro de casa. Um dia na praia pode acabar em arrastão. Uma simples volta para casa, mesmo na Zona Sul, pode acabar em tiroteio, assalto e morte. O Rio vive nas mãos do crime organizado.
O Rio de Janeiro não oferece condições de saúde, educação e infra-estrutura aos seus habitantes. É crescente a preocupação do poder público com estas questões, admito. Mas é certo que para justificar tudo o que será gasto, e tudo o que se gastou no Pan 2007, é preciso primeiro fazer da cidade um lugar bom para os seus habitantes. Se não fosse a natureza, o Rio seria um dos piores lugares do mundo para se morar.
Governantes vivem de aparência. Imagem é tudo. Fizeram um videozinho animado da cidade, arrumaram meia dúzia de figurantes e estão tentando convencer os “fora-da-realidade” do COI a fazer Olimpíadas aqui. O Rio de Janeiro é um faroeste, senhores do COI. A população é vergonhosamente humilhada diariamente pelo transporte público. Quem tem um pouco mais de condição, paga planos de saúde e colégios particulares, pois a rede pública é assassina e não educa satisfatoriamente. O policial desta cidade, senhores, cujo Governo do Estado é responsável pelo pagamento, ganha ridiculamente mal e vive com um alvo no peito, já que aqui se mata como se vai à praia.
Para completar o show de horrores, prefeito e governador deram ponto-facultativo nas repartições públicas municipais e estaduais no dia da escolha da sede. Então, se você precisar fazer vistoria do carro neste dia, pedir segunda via de documentos como identidade, por exemplo, renovar sua carteira de motorista ou qualquer outro serviço que dependa dos poderes públicos, seja estadual ou municipal, desista. Sexta-feira é dia de comemorar uma eleição que o Rio ainda nem venceu. E, se depender de minha torcida, não ganhará. Apoiar essa iniciativa é como dizer que, mesmo sem comida no prato, devemos comprar televisões LCD. É inverter completamente qualquer valor. Pensem nisso.
