Imagem: http://naturalezamuerta.blogs.sapo.pt/arquivo/cansado.jpg - Representa a mim mesmo, no contexto... Cansado de tudo isso.
Capital do Estado do Rio... Esse título já se foi. Depois disso, Niterói cresceu muito e prosperou, tornando-se modelo para outros municípios próximos. Infelizmente, a cidade vem caindo em vários itens que a projetavam. Violência, caos urbano, parecem problemas normais de uma grande cidade. Mas em Niterói não era assim. O município já era “grande” e estes problemas não eram tão corriqueiros. O inchaço ocorreu de forma desordenada e a cidade caminha para a explosão.
Niterói atingiu altos índices de desenvolvimento na década de 90, prosperando, principalmente, em educação, apesar do questionável regime de aprovação automática das escolas municipais, e em qualidade de vida, mesmo com enormes contrastes entre regiões da cidade. De uns tempos para cá, parece que está tudo muito diferente.
Na parte cultural, a cidade de Niterói, imagino eu, é apenas mais um exemplo da situação atual de diversos municípios do país. Li reportagens nestes últimos dias que falavam sobre o fim de diversas salas de cinema de rua em menos de dez anos. Isso mesmo. MENOS DE DEZ ANOS.
Como morador de Niterói, especificamente de Icaraí, vejo as ruas abandonadas. Famílias moram na Rua Cel. Moreira César e o poder público se omite. Assaltos já fazem parte da rotina dos moradores do bairro. Isso é parte do caos que a cidade sorriso, outrora assim chamada, se encontra.
A imprensa local, exclui-se aqui o jornal O Fluminense, limita-se a colunas sociais e politicagem. Recebemos impressos todos os fins de semana e neles nada há de bom. São ótimos apenas para o cachorro depositar seus restos. Não importa se são gratuitos. Levam o nome de jornal, são a imprensa da cidade. Mas eles não estão nem aí... Aliam-se a políticos e defendem causas próprias.
Vou dar um exemplo numa hipótese: a construção de uma “lan house” no espaço do antigo Cinema Icaraí. De um lado vai haver um jornal que fale muito bem deste projeto, que só traga coisas boas e o depoimento dos que o apóia. De outro, destruição total da idéia. Ninguém se preocupa em ser isento, livre. E se são assim como jornais nanicos e sem expressão, imagine o que poderiam ser com um pouco mais de espaço?
Eu fico envergonhado. Com chamar isso de imprensa? O espaço é meramente publicitário. Proponho aos donos desses jornalecos doar o dinheiro gasto com sua tiragem e confecção. Ajudariam a cidade, melhorariam a situação dos necessitados e nos livrariam deles mesmos. [Que fique claro que me refiro aos jornais que recebemos em casa em geral, aqueles de fim de semana mesmo. Vocês sabem do que eu estou falando.] Ou então começar a pensar em imprensa séria, o máximo possível imparcial, objetiva, ética. E por que será que a ética está tão ausente? Talvez porque se condicionou que ética e dinheiro não combinam.
Sem seus “investidores” esses jornais seriam nada. Os próprios donos dos jornais são envolvidos até o pescoço com a politicagem da cidade. Precisa-se urgentemente de seriedade e compromisso com os leitores. É agonizante a situação da imprensa, desta imprensa, em Niterói. Eu proponho, já que essa seriedade pretendida é praticamente uma utopia, um boicote. Que não se pegue na portaria mais os jornalecos. Que não se aceite mais como correspondência. Que voltem todos, quando se forem entregar os números do fim de semana seguinte. Chega de imprensa medíocre. E devemos começar a limpeza pelo nosso quintal. Pela objetividade, pela clareza e pela ética. Chega. |