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ATLETIBA NA ARENA: A EXPERIÊNCIA DE UM CARIOCA COMO VISITANTE
segunda-feira, abril 27, 2009
Fotos de Alvim Bellis
As duas torcidas no estádio: objetos voadores e muita animação de parte a parte. No fim, festa do Coxa

Estou viajando e encontro-me na capital paranaense, onde recarrego as energias para voltar ao Rio de Janeiro com disposição para continuar meus trabalhos, projetos e a pós-graduação. Quando percebi que no meu período de férias aconteceria um Atletiba, que para os leigos do esporte bretão, significa um clássico do futebol do Paraná, o jogo que reúne Atlético-PR e Coritiba, não hesitei e conclamei um amigo a garantir meu ingresso. Como este companheiro é torcedor do Coritiba, eis que me vi no grupo dos “visitantes” no estádio Arena da Baixada, de posse do Atlético-PR.

Até aí tudo bem, sou bastante acostumado com o Maracanã, grandes jogos, clássicos do Rio e jogos de grande público, da Libertadores da América, por exemplo. Depois de conversar um pouco com este amigo, percebi que a rivalidade por aqui é um pouco exagerada. Não que isto não exista no Rio, mas por lá parece tudo melhor organizado.

Para começar, uma enorme briga de torcidas acontecia na rua onde pararíamos o carro, a cerca de 150 metros da entrada dos visitantes. Para nossa sorte, ainda estávamos no caminho e nada nos atingiu. Até aí nada diferente de um grande clássico do Rio, onde a pancadaria rola solta nas imediações do estádio. A diferença talvez esteja apenas na distância tão curta para o estádio, para uma briga tão grande. O policiamento parecia menor do que um jogo deste tamanho necessitaria.

Por fim conseguimos chegar, estacionar e esperar para entrar. Uma enorme fila se formou na entrada dos visitantes, onde a polícia militar deixou apenas o espaço para passar um por um. A irritação da torcida do Coritiba começou aí. Depois de vencermos a fila ficamos amontoados nas roletas, onde lentamente funcionários do estádio colocavam cada ingresso nas respectivas catracas. Novo estresse com o corpo policial e muitos socos e chutes na porta de alumínio que dá acesso às arquibancadas.

Enfim, a Arena. No Rio este estádio tem a imensa fama de ser um dos mais modernos, aconchegantes, práticos e interessantes. Não sei se é a minha presença assídua no Maracanã. Mas a Arena da Baixada não foi nada disso para mim. Pelo menos na minha posição de visitante e na torcida visitante. Se a ideia é acuar a torcida dos que lá vão jogar, missão cumprida. Mas creio que um clube que se gaba por ter um estádio moderno e atraente e que ainda pleiteia jogos da Copa do Mundo de 2014 deveria dar boas condições a seus visitantes. A rivalidade precisa estar entre as torcidas e só. Os clubes são irmãos, ambos paranaenses, ambos da capital. Dar boas condições aos visitantes, além de demonstrar esportividade e educação, transmite maior tranquilidade para as torcidas e diminui a incidência de atos violentos entre elas.

Os primeiros quinze minutos de jogo foram marcados por elementos arremessados de parte a parte. Bombas caseiras, sapatos e até mesmo um celular foram objetos que eu vi voando, por vezes em minha direção, outras na direção contrária. Uma boa parte dos torcedores de ambos os times se preocupavam apenas em provocar o oponente e nem sequer se viravam para o campo para torcer por seu time. Difícil pensar grande assim.

O jogo em si foi excepcional. Cheio de alternativas, o Coxa fez 2 a 0 no primeiro tempo, levando este triunfo parcial para o intervalo, e o Atlético tratou de empatar a partida antes dos 20 do segundo tempo. Acuado pelos Atleticanos que soltavam os gritos nas arquibancadas do pequeno estádio vermelho, o Coritiba passou a jogar recuado e nos contra-ataques. Assim conseguiu desempatar a partida já no último terço do segundo tempo e ainda fechar o jogo em 4 a 2 nos acréscimos do árbitro. Um jogão de futebol. Fez-me lembrar de um certo Fla x Flu e de um certo gol de barriga. Digno de um grande estádio. Grande estádio que não é a Arena da Baixada, uma decepção para este visitante carioca.

Com todo respeito, quem gosta mesmo de futebol quer ter uma boa cadeira para sentar sim, talvez uma boa lanchonete, lojas do clube, entre outras funcionalidades, mas o que realmente importa é que o estádio seja amplo, esteja cheio e seja legal de se assistir o jogo. A Arena é pequena demais para me convencer. Só para os cariocas me entenderem, o Caio Martins, quando o Botafogo jogou a Série B, tinha capacidade de cerca de 20 mil torcedores. A Arena quase lotada ontem abrigou cerca de 21 mil. Ter um estádio bom apenas para seus torcedores e associados, causando transtornos diversos a seus oponentes visitantes, é pensar pequeno. Equipara-se a atrasar jogos para saber o resultado dos outros, por exemplo.
Estou encantado pelo Atletiba. Este jogo que foi, sem dúvida, o melhor que vi este ano, entre todos que já assisti no Maracanã em 2009, incluindo dois clássicos. Graças ao futebol saí satisfeito da Arena. Além do que, como torcedor do bom futebol, fiquei feliz, pois venceu o time que jogou melhor durante a maior parte da partida. E eu ainda pude participar da festa, por estar entre eles. O Campeonato Paranaense segue aberto, mesmo com a vantagem que o Atlético ainda possui de depender apenas de uma vitória, em seus domínios, no próximo domingo, sobre o Cianorte para sair campeão deste ano por aqui. Ao Coritiba, resta vencer o Nacional e torcer por um tropeço do rival que derrotou neste domingo. O outro postulante é o J. Malucelli, que desperdiçou a chance de assumir a ponta ao perder seu jogo desta rodada. Precisa de tropeços da dupla Atletiba e vencer seu jogo contra o Paraná Clube para confirmar-se como a zebra deste ano.

E viva o FUTEBOL brasileiro... apesar de todas as adversidades extra-campo.
posted by S. N. @ 07:03   2 comments
O Autor

Nome: S. N.
Local: Rio de Janeiro, Brazil
Sobre o Autor: Jornalista.

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