Na figura acima, a região em vermelho é plenamente atendida pelo governo federal.
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Os eleitores do Brasil puderam assistir esta noite, na Rede Record, a mais um debate entre o presidente, candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato Geraldo Alckmin. E mais um debate complicado.
O clima, apesar das cutucadas de parte a parte, foi ameno, tranqüilo. Alckmin tentou desestabilizar Lula em alguns momentos, citando casos de corrupção, irregularidades, mas o presidente estava preparado e desconversou em todos estes temas. Colocou a responsabilidade da apuração dos fatos em quem deve fazê-la: a Polícia Federal. Alckmin, por sua vez, disse que a investigação caminha “a passo de tartaruga” para a eleição passar. Lula, mais uma vez, desconversou.
Em outra situação, Alckmin falou sobre seus investimentos no povo de São Paulo, falando sobre ações de governo na área de saúde e educação durante seu mandato. Lula, entretanto, afirmou que os projetos de Geraldo só foram possíveis graças à ajuda do governo federal, que repassava recursos para o Estado de São Paulo. Esta afirmação de Lula não foi contestada por Alckmin.
Dois pontos foram chaves a favor de Lula no debate: ALCA (Área de Livre Comércio da Américas) e Nordeste. O primeiro ponto foi tocado pelo próprio presidente e deixou Alckmin sem resposta direta, apenas com rodeios. Não ficou nada claro ao telespectador se o candidato tucano apoiaria a ALCA. Pareceu até que não vê grandes problemas nisto. Enquanto isso Lula dizia: "O Brasil não abaixa a cabeça pros EUA mais". Já a questão do Nordeste, Alckmin apenas “levantou para Lula cortar”. Resolveu falar que Lula não cumpriu uma série de promessas de programa de governo nos últimos quatro anos na região e que diminuiu em 500 milhões de reais o investimento no lugar. Pronto. Lá veio o Lula com o Bolsa Família e com a seguinte afirmação: “Pergunte a algum nordestino que você conhece se algum governo fez mais pro Nordeste do que o nosso”. De fato, as ações do governo do petista são concentradas no Nordeste, onde ele obteve expressiva votação no primeiro turno das eleições. Erro crasso.
Ponto a favor de Alckmin com relação ao “aero-Lula”. Voltou a afirmar que venderia o “primo rico do 14-Bis” e construiria cinco hospitais com o dinheiro. Afirmou também que reduziria impostos, considerados (e realmente são) abusivos por ele, logo após Lula ter sido muito evasivo numa resposta quanto à situação da classe média em seu novo governo.
Outro tema tratado no debate foi a imprensa. Lula disse que a TV Digital vai democratizar os meios de comunicação e que isso poderá diminuir os abusos da imprensa. Alckmin foi menos incisivo, porém também afirmou que os abusos da imprensa têm que ser combatidos. No fim de tudo, Lula resolver abrandar sua fala e comentou que a liberdade da imprensa compensa os abusos praticados por ela.
Está tudo muito confuso. Ambos afirmam que são diferentes, mas têm pontos fracos evidentes e não se mostram preparados para uma missão tão importante que é governar o Brasil. Geraldo Alckmin é uma interrogação. Se for pra governar como Fernando Henrique, nosso único parâmetro de aproximação, é melhor ficar em casa. Lula, por sua vez, é o símbolo do continuísmo de um governo que muito prometeu e pouco fez. Uma decepção total para os militantes, as pessoas com ideologia forte, que um dia cantaram sob sol e chuva: “Sem medo de ser feliz” ou “A esperança venceu o medo”.
Torço para que o Brasil tenha um bom governo pela frente, seja o vencedor quem for. Mas sinceramente, eu me abstenho, e faço isso exatamente por ter consciência política. Se é preciso mudar, mudo. Não vou votar em alguém por falta de opção. Resolvo não votar em ninguém que não acredito. Nunca mais. |