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Oriente Médio, 2006. Poderia ser, Oriente Médio, 2004, ou Oriente Médio, anos 90. Qualquer apontamento de data seria viável. Este pedaço do mundo sofre com diferenças do presente e do passado. É como se o mundo fizesse dali seu ringue. O Líbano sofreu, durante semanas, ataques israelenses (leia-se norte-americanos) em sua infra-estrutura com o argumento de que era preciso erradicar o Hezbbolah, grupo terrorista de forte atuação no país. Neste momento de cessar fogo, cidades libanesas estão devastadas, milhares de pessoas mortas, e, como em quase todas as guerras contemporâneas, o idealizador da guerra não atingiu o “objetivo principal” e foi embora. Talvez porque a idéia seja simplesmente destruir tudo e ir embora. Não parece muito com as guerras que os EUA promovem? Pois é. O que se viu foi um show de horrores. E, sem aqui dar qualquer tipo de apoio a suas ações, o Hezbbolah triunfou. Mostrou-se muito mais bem preparado do que se esperava. E neste momento do conflito, reúne famílias de desabrigados e distribui US$ 12 mil dólares para cada uma delas. Hassan Nasrallah, líder do grupo, tornou-se herói de guerra para o povo libanês e é visto no mundo árabe como um grande líder. Tudo graças a Israel. Graças a mania de grandeza norte-americana. É como se Israel fosse o Pink e os EUA, o Cérebro. “Vamos dominar o mundo!”, diz o personagem metafóricamente atribuído a posição americana. Como nas histórias do desenho, Israel, o Pink dessa história, estragou tudo.
A história é cíclica. Não adianta resistir a isso. Hoje inimigo, o Iraque era financiado e municiado pelos EUA durante o período da guerra fria. Israel, os “Estados Unidos do Oriente Médio”, desde sua criação tem todo o respaldo norte-americano. Por ironia, Osama Bin Laden, o mesmo que gerenciou o ataque a Nova Iorque em 2001, foi incentivado e apoiado pelos americanos para derrubar o governo comunista do Afeganistão. Irresponsabilidades, que hoje refletem na cultura do medo, que, em última análise, tem sua base nos dólares investidos pelos EUA.
Fica claro nisso tudo, que o capitalismo e a religião andam atrapalhando os pensamentos humanos. O neoliberalismo, representante da primeira opção acima, corrói os valores humanos em troca de dinheiro. A economia engole as políticas sociais. A vida é desvalorizada. Estão em alta, o lucro e a ganância. A utopia também desapareceu. Claro que isso vem acontecendo desde o início da humanidade. Mas antes se pensava, ponderava-se. Hoje não. Hoje, só existe um caminho. Uma história. Pensar diferente é não estar inserido na globalização. Aparecem aqui, esses religiosos radicais. Parecem pensar diferente, têm uma lógica diferente, mas não podem e não devem ser considerados a resistência ao neoliberalismo. O radicalismo religioso, independentemente do credo, atrapalha o ser humano de desenvolver um pensamento claro. Tudo leva em conta a vontade de Deus, isso ou aquilo. É preciso ter liberdade para se formar opiniões e, consequentemente, resistências legítimas ao modelo que nos é imposto atualmente.
É preciso entender o momento e começar a pensar em uma alternativa para o mundo atual. Não existem mais mocinhos ou bandidos. Existem bandidos. Aqueles que roubam a capacidade de pensar e de se impor das pessoas. Roubam ou tentam roubar. Só depende de cada um de nós. Podemos perder muitas coisas, dinheiro, patrimônio, mas nosso pensamento jamais. Não existiriam grupos de pensadores, não existiriam idéias, se um, apenas um, começasse o processo. Parece impossível, mas alguém um dia começou a pensar no modelo atual e também o considerava inviável naquela época. Pronto, aí está ele hoje. Pode ser qualquer um de nós. A luta tem que ser ideológica. É preciso achar um meio termo nisso tudo. Senão, a alternativa é mudar-se para Marte, porque um dia, e não me parece muito longe, a Terra explodirá.