Gustavo Kuerten ganhou seu primeiro título importante em 1997, quando ainda era um garoto brasileiro, com roupas coloridas, que surpreendia o mundo aristocrático do tênis. Sob assombrados olhares do mundo desenvolvido e do público parisiense, o jovem catarinense apresentava um jogo genial, com passadas, lobs, drop-shots (as chamadas “curtinhas”), entre outros golpes de seu vasto repertório. Nascia um dos maiores ídolos do esporte brasileiro.
E assim, Guga foi tricampeão de Roland Garros, charmoso torneio Gran Slam, um dos principais do mundo do tênis. As conquistas aconteceram em 1997, como acima mencionado, além de 2000 e 2001.
Guga é destes caras que viram referência para uma nação. Nascido em um país onde o futebol é dominante, resolveu jogar com uma bolinha bem menor e segurando uma raquete. Lutou por si e pelos demais. E hoje, seu dia de despedida oficial de torneios de simples, não vemos um tênis brasileiro mais desenvolvido por pura incompetência dos dirigentes do esporte, que não souberam promovê-lo mesmo com um fenômeno como Kuerten.
Os números de Guga impressionam. Venceu 20 títulos de simples, foi número um do mundo, ganhou a Copa do Mundo de Tênis. Ganhou mais de 350 partidas. Acumulou mais de 14 milhões de dólares em prêmios. Tudo isso sendo brasileiro, país sem nenhuma tradição no mundo das raquetes. Antes de Guga, apenas Maria Esther Bueno, sensacional tenista feminina brasileira, havia conseguido tal destaque, há anos atrás.
Neste domingo acompanho a última partida de Guga, na primeira rodada de Roland Garros, brilhantemente transmitida pela ESPN Brasil. A quadra está enlouquecida, gritando o nome de Kuerten, reverenciando o seu ídolo. E exatamente agora, 12h45 do dia 25 de maio de 2008, encerra-se a carreira de Gustavo Kuerten.
Paris se rende ao seu mais carismático vencedor. Seu tricampeão. Como homenagem, o público grita seu nome, a organização lhe reserva um troféu com um pedaço do saibro de Roland Garros e milhares se emocionam com o Manezinho da Ilha. Guga sai de cena como um grande campeão e agora busca novos desafios. E o nosso maior desafio será conviver com sua ausência. A ausência de um ídolo, a ausência de um exemplo.
VALEU GUGA!
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