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domingo, abril 22, 2007
Foto de Hoi-Yee Hydie Cheung
Na última segunda-feira a imprensa mundial recebeu uma pauta escrita por um assassino em massa: o sul-coreano Cho Seung-hui. "E agora? Como agir?", deve ter sido o pensamento dos editores.

Entre suas duas matanças, Cho enviou a uma rede de televisão um manifesto, gravado por ele, tentando explicar o motivo de seu surto. Será que foi tentando explicar? É muito difícil afirmar qualquer coisa. O que se viu foi a imprensa com um pacote de informações de um assassino. E claramente dividida sobre o que fazer com ele.

Houve a divulgação das imagens, por TV e internet. E depois houve uma reclamação de milhares de expectadores, que não concordavam com a veiculação. Algumas emissoras suspenderam a exibição das imagens e a apuração dos fatos. O clamor popular e o medo de se estar fazendo o que o criminoso queria pesaram na decisão.

A função da imprensa aqui, realmente, não é ficar dando muito cartaz ao sul-coreano. Agora, não importa muito o que ele queria fazer ou dizer, para o grande público. É coisa para as autoridades policiais e afins. O manifesto deve até ser citado, mas sem espetacularização, afinal de contas, Cho morreu, mas levou 32 pessoas com ele.

É preciso entrar em debates, como, por exemplo, a questão da venda de armas nos EUA, o modo selvagem que o capitalismo leva à competição entre os seres humanos e o sentido de superioridade que o americano aplica a sua nação com relação ao resto do mundo. O primeiro é uma questão de política interna, dificilmente discutível em outras praças do mundo. Mas as duas outras hipóteses são reais em todos os lugares.

A competição é exagerada em todas as partes do mundo. Perdeu-se a humanização das relações. O que vale é ganhar. Ganhar sempre. Nem que você passe por cima do outro. Isso gera um complexo de inferioridade difícil de entender em determinados indivíduos. Será que Cho não queria ser o que ele mesmo afirma odiar? A exclusão, típico de um mundo absurdamente competitivo, pode ter gerado seu ódio.

A outra questão é a superioridade. Os americanos tendem a se ver como superiores. Têm uma economia forte, um estado consolidado. Apóiam guerras. Tudo se resolve na bala. Só por ser imigrante, Cho já devia ser olhado de outra maneira. Mesmo que veladamente. Como tinha um comportamento quieto, típico de orientais, devia ser zombado por vários colegas. Mais um motivo para seu ódio se voltar contra tudo e todos.

O que a mídia deve entender é que, discutindo alguns pontos, como estes, não está se criando uma justificativa para o injustificável. Massacrar colegas de faculdade e professores não é aceitável, nem há justificativa para tal. O que é necessário é buscar consciência crítica para evitar futuros ataques. Até porque este é fato. Já virou notícia. Não volta atrás.

A culpa é da sociedade. Ou seja, de cada um de nós. É preciso uma auto-reflexão neste momento. E a mídia precisa capitanear este processo.
posted by S. N. @ 16:13   1 comments
O Autor

Nome: S. N.
Local: Rio de Janeiro, Brazil
Sobre o Autor: Jornalista.

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