Parceria
TEMPO NO RIO
Visitantes
UM PAPA MEDIEVAL
quarta-feira, setembro 20, 2006
Auto da Fé: Mundo católico da Idade Média... Ou de Ratzinger?
Pronto. Bastou um pequeno período de papado para Joseph Ratzinger dizer a que veio. E não adianta tentar minimizar o feito. O alemão tratou de conceituar o Islamismo e Maomé como violência, morte e intolerância. Conseguiu atrair para si uma ira que estava totalmente desvinculada da Igreja Católica como instituição. Uma minoria de islâmicos é treinada diariamente por grupos chamados terroristas para tornarem-se mártires contra o “Ocidente opressor e dominador, que tenta a todo custo conquistar suas terras e modificar seus costumes.” Leia-se, aqui, 90%, EUA. Agora, lemos nos jornais, notas do Al-Qaeda, o mais famoso grupo terrorista da atualidade, dizendo: “Nós vamos conquistar Roma.”

E agora, intelectual Ratzinger? Essa é a defesa que se faz ao papa. E que defesa fácil de ser contestada. Como Papa, ele fala em nome de milhões de católicos e em direção ao mundo, sempre que se pronuncia. Como intelectual e teólogo, fala apenas por si e para um determinado público de espectadores. Não adianta querer que as declarações de Ratzinger sejam atribuídas a sua inteligência e aos seus estudos. Ele é o Papa! O Sumo Pontífice! Fica evidente que este Papa tem aquela antiga visão da Igreja Medieval, que só aceitava sua fé e que as demais convicções religiosas sempre tinham defeitos. E que defeitos! Dizer que os muçulmanos têm princípios religiosos agressivos foi exagerado, muito exagerado. O Alcorão, a Bíblia dos islâmicos, não incita a violência. A interpretação pode incitar. Aliás, qualquer interpretação, até mesmo a da Bílbia, pode incitar violência e defensividade contra pessoas que não concordem com sua fé.

Se por acaso o Al-Qaeda cumprir a promessa presente em suas recentes declarações, Ratzinger estaria disposto a conversar? Ou será que se esconderia em algum super túnel subterrâneo no Vaticano? Ou então fugiria num “avião papal”? A Igreja Católica precisa se situar no mundo em que habita. Milhões de pessoas vivem, hoje, a margem de qualquer dignidade neste mundo por falta de dinheiro, de condição mínima de existência. E a Igreja, no alto de seu vasto império, ao invés de se preocupar com causas humanitárias, ao invés de se ocupar ajudando os mais necessitados, ao invés de “dividir o pão”, conserva-se em palácios, em seu dinheiro sujo, historicamente ganho com roubos, confiscos e favores, e em declarações discriminatórias. Esse Papa é ou não é a cara da Igreja Católica? Prefere declarações de impacto a mais ações humanitárias. Eu gostaria de estar frente-a-frente com ele para perguntar o que diria para o “seu” Deus se fosse questionado pelo fato dele dormir em aposentos de reis após uma deliciosa refeição e milhões de pessoas dormirem nas ruas, sem teto e comida. Para Deus ele não teria coragem de dizer que é o Estado que tem que garantir isso. Com certeza não. O poder público tem que garantir sim, longe de mim defende-lo, mas para que ostentar tanto luxo com um mundo tão pobre? E para que semear mais discórdia ainda? São muitas interrogações. Infindáveis.

Aparece aqui a conhecida hipocrisia. “O Papa é Santo, Divino!”, diria um católico mais fervoroso. E eu replicaria: “Então, mande-o distribuir tudo que a Igreja tem com os pobres do mundo.” O pior é que a minha conclusão é que, por Ratzinger, pode até se distribuir alguma coisa. Mas para católicos, apenas católicos. Muçulmanos que vivam em suas terras, isolados, para serem mortos por algum ataque ocidental. As outras religiões também estariam fora. Seriam “farinha do mesmo saco”, utilizando a linguagem popular. A liberdade passa longe dos porões sacros do catolicismo. Ingênuo quem acredita que não. Joseph atestou isso com louvor depois dessa palestra, depois de suas desastrosas declarações. Sinto saudades da figura de João Paulo II. Pelo menos pensava nos povos com unidade, sem discriminações.

Corre-se, então, o risco de atentados sangrentos em território italiano. E, mais uma vez, a hipocrisia. Todo mundo defendendo o Papa no mundo Ocidental. Todo mundo, entenda-se vasta maioria. Se eu fosse o chefe de Estado italiano, daria um bom “puxão de orelha” em Ratzinger. Em off. Para não criar mais problemas. Repito, se EU fosse. Porque, sem medo de errar, a hipocrisia deve ser movida a conveniências e este governante italiano que lá está não teria cacife para dar uma “dura” no Papa. Logo em quem! Só Deus pode, não é Sr. Papa? Espero que ele dê.
posted by S. N. @ 01:43   3 comments
O Autor

Nome: S. N.
Local: Rio de Janeiro, Brazil
Sobre o Autor: Jornalista.

Sugestões, críticas ou comentários por e-mail - Clique Aqui

See my complete profile

Posts Recentes
Todos os Posts por Dia de Postagem
Links
Powered by

BLOGGER

© Imprensa Independente Blogger Templates by Isnaini and Cool Cars Pictures