Foto extraída de http://radarpop.blogspot.com - sem crédito
Michael Jackson, norte-americano, 50 anos, tido como um dos maiores artistas de todos os tempos. Arrastou multidões e causou imensa comoção entre seus fãs com sua morte repentina. A verdade é que Michael Jackson parecia procurar a morte, como se estivesse cansado da própria vida. Encontrou-a na tarde de 25 de junho de 2009, em sua residência, sob circunstâncias ainda não esclarecidas.
Muito se falou deste artista ao longo de sua vida pública. Algumas especulações, outras verdades inquestionáveis. Michael Jackson foi acusado de pedofilia e, inclusive, pagou algumas indenizações milionárias por isto, sem explicar porquê pagava por algo que negara autoria. Vale lembrar que o cantor nunca foi condenado por acusações criminais desta natureza. Michael Jackson nasceu negro, mas, por conta do vitiligo, doença que, em análise simplória, causa despigmentação da pele, resolveu clarear sua cútis de maneira radical. Jackson abusou das plásticas, principalmente no nariz. O que pouco se sabe é que, a primeira intervenção cirúrgica nesta área foi por conta de uma lesão no local, motivada por uma queda em um ensaio. Parecia um sinal de que o nariz seria um ponto chave em sua figura, ficando quase deformado diante de tantas plásticas.
Não gostaria de entrar no mérito de suas esquisitices. Pensem que vocês, leitores, passariam um ano com a vida de Michael Jackson. O artista não podia sair de casa. Paparazzis o seguiam constantemente. Se fosse ao mercado, seria atacado com fãs enlouquecidos. Jackson não podia ir ao cinema, pelo mesmo motivo. Cliques e fãs, que não percebem que não é o tempo todo que o artista é um artista, deviam ser quase insuportáveis. Apesar da idolatria ter seu lado bom, Jackson, em minha análise, passou a ser um prisioneiro de si mesmo. O único momento em que podia se assumir como ser humano era quando estava em casa. Em todos os outros, era o artista Michael Jackson.
De fato, Jackson merecia a fama e a legião de fãs. Com estilo inconfundível, é um dos maiores artistas de todos os tempos, senão o maior. Seus álbuns venderam como água no deserto. Números encontrados em sites de notícias dão conta de que Michael Jackson vendeu mais de 750 milhões de cópias em toda a carreira. Só em ”Thriller”, disco de 1982 e o mais vendido da história, foram 109 milhões. O último álbum de músicas inéditas de Jackson, “Invencible”, de 2001, vendeu 10 milhões de cópias, número absurdo e consagrador para muitos artistas, mas considerado fraco para carreira de Jackson. Horas após seu falecimento, o Top 15 da amazon.com , considerado o maior site de vendas da internet, era todo de álbuns seus. E o site iTunes registrava no seu Top 10, seis músicas do artista.
Particularmente acho que Michael Jackson será eternizado pelo excelente artista que sempre foi. Seus vídeos serão vistos e revistos para sempre. Seus álbuns serão relançados e alcançarão os primeiros lugares sempre. Esta é a maravilha que a música pode proporcionar a alguém. A eternidade na Terra. E Jackson será eterno agora. Sem os escândalos, sem as polêmicas. Michael Jackson será, após a morte, “apenas” o super-mega artista que ele já era, agora, sem a sobrecarga de carregar isso nos ombros.
Como disse no primeiro parágrafo, Michael Jackson parecia procurar a morte. E talvez a morte fosse a única coisa que lhe restasse, caso quisesse ser um reles mortal. Agora Jackson é apenas mais um corpo no necrotério e será mais uma matéria enterrada ou cremada. A morte é o único momento em que somos todos iguais efetivamente. Valorizem seus ídolos, mas reconheçam sempre a igualdade entre todos. Michael Jackson precisava apenas ser “mais um”. Talvez as coisas boas, como fama, dinheiro e reconhecimento acabaram por matar o homem. Mas só o homem. O mito acaba de renascer. E este jamais morrerá. Veja clipes de Michael Jackson em: http://www.youtube.com/michaeljackson
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Jean Charles de Menezes, brasileiro, 27 anos, era um jovem eletricista brasileiro que tentava a vida em Londres. Causou comoção de brasileiros e cidadãos do mundo por conta da maneira chocante como foi morto pela Scotland Yard, quando pegava o metrô para ir ao trabalho. Hoje, arrasta multidões aos cinemas do Brasil, onde parte de sua vida é contada em um longa-metragem.
Em uma atuação genial, Selton Mello reviveu o trecho mais relevante para o público da história de vida deste mineiro de Gonzaga, que resolveu ganhar a vida fora do Brasil, especificamente em Londres, capital britânica. O filme trata de situações vividas pelo brasileiro em sua última “passagem” por Londres. Ajuda aos parentes e amigos consagravam Jean Charles como um cidadão carismático e querido. Porém a necessidade de dinheiro fez com que Jean deixasse aflorar desvios de conduta, como traição ao chefe e envolvimento em situações complicadas, sempre com o intuito de se “dar bem” no estrangeiro.
Pelo longa, Jean trabalhava para mandar dinheiro no Brasil e para se estabelecer em território inglês. Com o desprezível “jeitinho brasileiro”, Jean pretendia ganhar muito dinheiro e ser feliz longe do interior de seu país de origem. Vencer na Inglaterra era uma fixação do jovem eletricista. Esta época retratada no filme corresponde ao período em que a Inglaterra estava sendo alvo de constantes investidas do terrorismo mundial. Em 7 de julho de 2005, estações de metrô e ônibus foram alvo de ataques suicidas. Mais de 50 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. A partir daí o governo e a Scotland Yard passaram a caçar terroristas pela capital.
Em uma dessas caçadas, a polícia confundiu Jean Charles com um suposto terrorista muçulmano, por uma semelhança de endereços. Em 22 de julho de 2005, o brasileiro estava dentro de um vagão de metrô parado. Foi alvejado com 7 tiros na cabeça. Sem possibilidade de defesa, sem abordagem. O filme trata bem esta cena, demonstrando como o povo de Londres estava assustado com a situação dos atentados. As pessoas gritaram e saíram correndo após o grito de “É ele!” do policial à paisana. O resultado, todos nós sabemos: a morte do brasileiro por conta de um equívoco da Scotland Yard Britânica.
O filme é muito interessante e Selton Mello tem uma atuação irreparável. Passa com sinceridade impressionante até o sotaque de Jean Charles. A presença da prima de Jean no filme, Patrícia Armani, como ela mesma, enriqueceu a trama, dando ares, em determinados momentos, de documentário. Excelente ideia dos produtores do filme. O filme também expõe a situação de sub-emprego vivida por diversos brasileiros em Londres.
Até hoje, 28/6/2009, o caso não teve nenhum indiciado, mesmo com a Scotland Yard admitindo o erro. Parece que na Inglaterra a justiça também é para lá de lenta. Ou o é quando convém. Relatórios e pareceres dizem que não há provas para se condenar ninguém. Até agora, a única sanção foi uma multa para a Scotland Yard. Minha opinião é que o governo inglês devia sustentar com uma boa pensão os familiares mais próximos de Jean. A compensação financeira se faz necessária, apesar de não trazer o ente querido de volta à vida. Vida bastante celebrada por Jean Charles, de acordo com o filme. Vida extraída abruptamente por um órgão governamental que deveria proteger os cidadãos e não matá-los. Parece mais um caso onde o falecido se torna um mito. Mas um mito inédito. Jean Charles passou a ser exemplo na luta de estrangeiros contra discriminações fora de seus países. |