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RECORD = GLOBO?
terça-feira, agosto 18, 2009

Se você assiste televisão, lê jornal, ouve rádio ou acessa a internet, deve ter percebido que a Globo andou apresentando denúncias contra a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e seu comandante maior, o Bispo Edir Macedo. Não vamos analisar as denúncias, pois Globo e Record já estão fazendo (???), além de outros blogueiros e sites de mídia. Faremos uma reflexão sobre a comunicação e a tevê, tomando a Record como exemplo. Nesta análise rápida vamos nos ater apenas nas emissoras que ainda existem, sem muito nos preocuparmos com emissoras já extintas.

A Rede Record nasceu em 1953. Durante longos anos se ateve a programas de música, até por uma influência radiofônica, muito comum no início dos tempos de tevê. Investia também em programas esportivos locais, em São Paulo, e telejornalismo. Passou anos e anos longe da briga por audiências altas, divididas, em boa parte deste tempo, entre Globo e SBT. Na década de 90, segundo o site da Record, a empresa trocou o controle acionário, ou seja, mudou de dono. Entraram em cena Edir Macedo e seus bispos, com várias horas de programação voltadas para o público evangélico, com destaque para o emblemático “Fala que eu te escuto”, no ar até hoje.

Tirando da análise o lado evangélico da coisa, a Record cresceu mesmo foi no começo dos anos 2000. Investiu no jornalismo, no entretenimento e na teledramaturgia. Investiu muito, também, no jornalismo esportivo, onde passou a dividir com a Globo as transmissões esportivas dos campeonatos nacionais e regionais. Sempre criticou a emissora carioca pelo monopólio, pelas imposições. Para se ter uma ideia, a Record só poderia transmitir partidas que a Globo também estivesse transmitindo, coisa que acontece hoje com a Bandeirantes. Atualmente, transmite a Liga dos Campeões da UEFA, campeonato mais importante de clubes da Europa.

O problema da Record é criticar a Globo e fazer exatamente o que ela critica. No caso das denúncias contra a IURD, que mais parece sigla de imposto (ou dízimo), a Record, ao invés de se prender em mostrar o outro lado, por conta dos seus proprietários serem também os donos da Igreja Universal, resolveu atacar a Globo. Ou seja, apelou para o denuncismo, prática muito usada pelos sucessores de Roberto Marinho. A Globo jogou a isca e a Record mordeu. Dar bico na canela do oponente é prática “global”. E a Record foi pelo mesmo caminho. As melhores opções de jornalismo na tevê hoje, aliás, há algum tempo, são o Jornal da Band e o jornalismo regional da Rede TV. Globo e Record possuem os melhores estúdios, a melhor tecnologia e bons profissionais. Mas... e a informação? Geralmente corrompida pela “paixão” editorial.

Na parte esportiva, a Record esbravejou contra os monopólios “globais”. Imaginem o que a emissora de Edir Macedo fez? Correu para garantir a exclusividade de transmissão, em TV aberta, no Brasil, dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e de todos os eventos ligados às modalidades olímpicas. E conseguiu. Pela TV aberta, olimpíada, só na Record em 2012. Reflitam... mudou alguma coisa? Não, absolutamente nada. Até os profissionais, a Record contrata da Globo.

Se existe uma coisa boa nisso tudo é que a Globo passou a ser incomodada, coisa que não acontecia desde que Sílvio Santos desistiu de competir e passou a investir no seu estilo de fazer tevê, para a família, mais voltada para o público paulista mesmo, apesar de agradar e ter adeptos em todo o Brasil. É, sem dúvida, a maior figura viva da tevê brasileira, mas o que não lhe garante nem mais a vice-liderança na audiência, na maior parte do tempo migrada para a Record. A competição sempre trará benefícios ao público, que terá a possibilidade de escolher o que assistir. A Globo ainda possui a primazia da qualidade técnica e profissional, apesar da linha editorial irritante. A Record estava caminhando para se tornar uma alternativa viável, mas com tantos equívocos caminha para ser uma outra Globo. Aí, Globo por Globo, a audiência continuará na original, iniciando, provavelmente, uma derrocada tão veloz quando a ascensão da Record.

Torço para que a Record reveja estes conceitos. Continue crescendo como alternativa e não como uma cópia do que sempre condenou. É possível sim, a Record se tornar uma emissora capaz de modificar alguns paradigmas condenáveis.

Minha análise é completamente afastada do meu horror à IURD. A IURD, a Renascer e outras tantas igrejas evangélicas, que lavam o cérebro das pessoas e roubam seus salários, deviam ser fechadas pela justiça e pela polícia e seus donos presos com direito a enforcamento em praça pública. Ludibriar pessoas frágeis emocionalmente com esperanças falsas em troca de impérios financeiros é um crime tão condenável, ou mais, como assassinato, estupro, entre outros. Mas a Record, apesar de donos em comum, não foi analisada, pelo menos por mim, por este lado complicado.
posted by S. N. @ 11:05   5 comments
O Autor

Nome: S. N.
Local: Rio de Janeiro, Brazil
Sobre o Autor: Jornalista.

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