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ENTRE LÁ E CÁ - UMA ANÁLISE (RAPIDINHA) DO SENTIDO DEMOCRÁTICO QUE PODE ESTAR (DE)CRESCENDO AQUI
sexta-feira, novembro 07, 2008
TEXTO DE ARMANDO RIBEIRO*
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Cariocas e americanos elegemos nossos representantes. Na cidade de cá, os municipais patronos de nossos anseios de modificação do cenário herdado de Maia. Dos estados de lá, o soberano que governará a maior potência mundial, ainda por algumas décadas será, e, porque não dizer, nos governará, ainda um pouco também.
Bom, uma análise breve. Diga-se de passagem, já está cansativo nosso espanto pela eleição de Barack Obama como o primeiro presidente de cor que não a branca nos estados de lá. Pergunto-me, quando tivemos um, ao menos um por aqui? O Lula não vale.
Srs. e Sras. não me rotulem de liberal caso entendam desta conversa um elogio ao processo eleitoral norte-americano, nem me cunhem de marxista se vierem a perceber de forma diferente. Há uma pecha tupiniquim em olhar de forma, sempre, desconfiada de qualquer análise, sob qualquer aspecto, daquela democracia hegemônica, seja qual for o conteúdo de tais opiniões.
O que me chamou a atenção, comparando tais pleitos, sabendo das diferenças óbvias, históricas e geográficas entre um e outro processo eleitoral, foram sementes curiosas plantadas por curiosidades.
A primeira: aqui no Brasil o voto é visto por muitos como uma obrigação, mesmo a constituição de 1988 autenticando-o como direito. Ou seja, não há possibilidade do cidadão brasileiro não exercer o seu “direito”, pois tal é compulsório. Em não o fazendo, a lei o possibilita a, seguindo alguns procedimentos, eximir-se do ato, porém, não o configurando como delito. Se não fazes isto caro amigo, esqueça viagens, emprego, público ou não etc., etc., etc.
Como curiosidade leia o texto a seguir: "Eleitores que não votarem/justificarem/pagarem a respectiva multa sujeitam-se a uma série de restrições: não podem tirar passaporte ou CPF, renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo, inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou empossar-se neles, receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego público, autárquico ou paraestatal, bem como fundações governamentais, empresas, institutos e sociedades de qualquer natureza ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam serviço público delegado, correspondentes ao mês subseqüente ao da eleição, dentre outras." (art. 7º, § 1º, Código Eleitoral) <http://www.tre-rj.gov.br/>.
Bom, em se falando de direito, é interessante que, sob a ótica do dever, conforme divulgado em todos os meios de informação foi que cerca de 20% do total dos cidadãos cariocas adoeceram ou estavam em outros quinhões do mundo, trabalharam esgotadamente ou tiveram algum, terrível mesmo, contratempo e, por fim, não votaram. Em não votando, observaram os analistas políticos, houve, segundo tais avaliações, uma modificação do cenário das eleições cariocas, vencendo então o candidato "E" em detrimento a possível eleição do candidato "G", muita gente da zona sul carioca adoeceu neste dia.
Agora, querido leitor, faço a nomeação dos candidatos, e óbvio, neste momento, do próximo prefeito carioca em letras pois não estou aqui considerando se a decisão será pior ou melhor para o Rio de Janeiro por termos "E" e não "G". Há algo mais importante em jogo. Como vai nossa democracia?
Ora, muito bem sei que os Estados Unidos tem, sem dúvida, uma conta a pagar, aliás não somente eles, principalmente apenas. Seguem-se à nação de Bush outras tantas que detiveram historicamente o poder de controlar mundialmente as ações políticas e tendências econômicas de todos os povos. Avalio apenas outra questão, na mesma proporção que estou fazendo no pleito carioca.
Lá, diferente de cá, também é direito, o voto. Lá como cá? Pois lá, votar ou não, a primeira vista, não acarretará em melhorias legais ou doses cavalares de punição. Ainda mais lá, com um tremendo problema Texano à frente durante oito anos ininterruptos. Dissemos nós e o mundo todo: eles não sabem votar! Sabemos nós?
Pois bem, ainda assim, mesmo com anão obrigação do voto, mesmo com o Sr Texano, o caçador de terroristas, oito anos a frente da maior nação ocidental do mundo, com capacidade de desfalecer todo e qualquer espírito de mudança democrática, mesmo assim, eles votaram. Filas, não só pela precariedade de atendimento e equipamentos para se votar em alguns Estados - nisto, vejo, poderíamos dar uma de consultores sobre processo eleitoral rápido -, mas, e principalmente, filas com pessoas motivadas em exercer algo que, para elas, decidiria o rumo de toda uma nação. Hispânicos, negros, anciãos, ateus e membros da KKK, além de jovens, artistas, mendigos, jogadores de basquete, estrelas pornô, pastores, padres e tantos norte-americanos quiseram votar, até o Arnold Schwarzenegger.
Ficaram atentos a cada voto, com a bíblia ou uma caneca de chopp em suas mãos, numa igreja, na rua ou nas boates das grandes e pequenas cidades americanas.
É aí que fico a matutar minha segunda semente de dúvida. Onde amadurecemos? Onde a natureza e o tempo com seu Sol ou a sua Chuva, ou o calendário forçado para um feriado promulgado sinteticamente são motivos vitais, vejam bem, vitais, para modificar um resultado de pleito? Caso isto seja materialmente comprovado, e foi, custa-me a não acreditar que, ainda que obrigatória e ainda que, movido por sarcasmos políticos que nos geram a todos, os famosos danos morais e emocionais, ainda que diante de tanta desestrutura política vivida atualmente no campo da ética, nossa democracia não poderia nem pode desabrochar pela imaturidade de seus eleitores.
Bush’s, existem-nos lá e cá.
Rousseau. Montesquieu e o iluminismo tentaram todos escrever um Estado de Direito aqueles anteriormente observados, Thomas Jefferson, George Washington, John Adams <http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Adams> e Benjamin Franklin <http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Franklin> exerceram uma funçaõ de instalação da República dos Estados americanos à força, e o resultado disto tudo foi... aqui no Rio de Janeiro, churrasquinho e sol na beira do mar.
Tudo bem, eu sei, não precisa me dizer, os movimentos que eu descrevi acima são motivados por interesse burguês, diriam o Marxistas, ou um cenário de coragem ante as severas injustiças dos Poderes de época, dirão os adeptos da posição de Adam Smith. Seja o que for, a consideraçõa que nos deve ferver às testas é: o que fazemos, como pessoas, realmente, para a modificação do cenário que hoje prevalece às nossas considerações? Será que, e é outra provocação, modificaremos alguma coisa em nossas praias? Acredito até que sim, se todos estivéssemos, deliberadamente, sob uma condição nacional de crítica aos movimentos atuais e históricos da política brasileira.
Ora, seja lá o que for entre 4 de Julho e 7 de Setembro ainda existem diferenças que vão além do calendário.Isto não faz com que o exemplo americano seja base de calço para todos nós, mas alerta-nos que o modelo escolhido pelos brasileiros para o exercício democrático ainda é, particularmente, obsoleto, não nos maquinários, mas no ideário.
As eleições não podem ser consideradas um sucesso apenas pelo número pequeno de máquinas que acabaram por dar algum defeito. Há um defeito maior, em nós. Se nossas praias continuarem como estão ou piorarem, talvez, pensemos duas vezes em desfrutá-las no momento que.... deveríamos... modificá-las.
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Armando Ribeiro é bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Rio de Janeiro (1998), bacharel em Filosofia pelo Bennett (2008) e pós-graduado em Educação e Projetos Sociais pelo Bennett (2003).
posted by S. N. @ 08:19   0 comments
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Nome: S. N.
Local: Rio de Janeiro, Brazil
Sobre o Autor: Jornalista.

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