César Cielo Filho acaba de ganhar a primeira medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas de Pequim 2008. Esta também é a primeira medalha da história olímpica da natação brasileira. De quebra, o recorde olímpico agora também é do brasileiro, com os 21s30 conquistados em 50m de nado livre. Dois dias antes, Cielo já havia ganho uma medalha de bronze.
O que pouco se fala é que Cielo teve que ir morar nos EUA para conseguir treinar em altíssimo nível e conquistar patrocinadores. O jovem de Santa Bárbara d´Oeste, cidade do interior de São Paulo, não obteve, como de praxe, condições de nadar apenas aqui no Brasil.
O esporte deveria ser tratado como forma de inclusão social e formação humana pelo governo e pela iniciativa privada, mas o que se viu hoje é que para um brasileiro chegar ao topo do mundo precisa sair daqui, com raríssimas exceções. E o mais impressionante é que a reação do nadador mostra o quanto ele ama o país. Tenho certeza que a reação de todos que acompanharam tanto a prova quanto a cerimônia de premiação também. O nosso único nadador campeão olímpico foi às lágrimas. O cubo d’água, apelido do local onde são realizadas as provas de nado em Pequim, se emocionou e aplaudiu o brasileiro de pé.
Nesses Jogos Olímpicos Michael Phelps, nadador norte-americano, passa para a história como maior vencedor de medalhas de ouro em todos os tempos. E Cielo passa à história como um exemplo para um povo que sofre tanto na mão de corruptos e despreparados.
Ao invés de pensar em sediar uma Olimpíada, devia se pensar em dar condições aos brasileiros de se desenvolverem pelo esporte. Se o dinheiro gasto para construir um parque aquático olímpico fosse empregado para construir simples piscinas em escolas públicas ou até mesmo clubes públicos, o país atenderia milhões de brasileiros e os faria grandes campeões. Mas dá muito mais cartaz construir um “cubo d’água brasileiro”.
Parabéns a Cielo. Parabéns a todos nós, tão brasileiros, que quando um desconhecido que leva nossa bandeira vence, o fazemos dele quase um membro da família. Ainda é possível mudar. Governantes e empresários, ao invés de resolverem sediar uma competição desta magnitude, construam instalações acessíveis e transformem saúde e educação em prioridades. Só assim poderemos pensar em ser, constantemente, medalhas de ouro. |
