Niterói é, há alguns anos, uma cidade bastante elogiada pela qualidade de vida, infra estrutura, ensino, entre outros. Mais precisamente, desde a primeira gestão do atual prefeito, Jorge Roberto Silveira, a cidade viveu uma razoável evolução, mesmo nos míseros 4 anos, dos últimos 20, em que esteve fora do poder efetivamente.
Neste período, a cidade, além de aparecer para o Brasil pelas belezas naturais praianas, pela Fortaleza de Santa Cruz ou pelo MAC, apareceu por ser uma das mais onerosas para o cidadão comum, com impostos bem salgados. Entre eles está o famoso Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana, ou, como normalmente chamamos, o IPTU. Além disso, nos últimos anos se tornou um paraíso de pardais, que costumam dar conta dos mais apressados e que inclusive gerou a confecção de adesivos não raros em carros niteroienses: “Visite Niterói e ganhe uma multa.”
O que acontece hoje é que Niterói passa por uma crise de grandeza. A cidade cresceu mais do que sua infra estrutura comporta. As ruas são um caos, nos hospitais é um sofrimento para conseguir atendimento, nos postos de saúde nem se fala. Choveu, saia de pé de pato, já que em poucos minutos está tudo alagado. A iluminação pública e a guarda municipal também são meras figurações e o crime organizado é bastante impulsionado por isso. Assaltos, assassinatos, tudo à luz do dia. Nos bairros de Zona Sul, como Icaraí, ou de Zona Norte, como Fonseca. Sem falar da imensa favelização que a cidade sofreu nos últimos anos. Niterói não é mais a mesma que aparecia nos noticiários como um “oásis” próximo do caos, leia-se, cidade do Rio de Janeiro.
Para minha surpresa e para a de diversos niteroienses, creio eu, em menos de um mês de mandato o recém empossado (mais uma vez) prefeito Jorge Roberto Silveira resolveu salvar a ginástica olímpica do Flamengo, injetando cerca de R$ 80 mil mensais no clube da capital. O total gira em torno de R$ 3,8 milhões, por 4 anos de “parceria”. Agora me respondam: qual o ganho da população de Niterói com isso? Dizer que vai se aproveitar da fama de “grandes ídolos” dos ginastas mais famosos que existem por lá é piada. Se queria ajudar a população e a ginástica juntos, era o caso de colocar Diego Hipólito e Cia para treinar no Canto do Rio. Ou em algum canto da cidade com aparelhagem para tais treinamentos, abertos ao público em determinadas situações, em forma da escolinhas. Mas não. O dinheiro será injetado no clube da Gávea, que deve milhões aos governos, federal, estadual e municipal, em impostos atrasados, ou seja, um clube para lá de duvidoso quando o assunto é dinheiro, quanto mais dinheiro público.
Enquanto isso, por volta de 21h30, quando eu passava hoje pela Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, voltando do Rio, onde trabalho diariamente, pude contar rapidamente umas 10 pessoas dormindo embaixo de marquises. Na Rua Doutor Celestino, continuação do meu trajeto, ainda no centro da cidade, outras tantas. Semana passada a reportagem do jornal O Globo flagrou vários cidadãos dormindo sob a marquise do Cinema Icaraí, que, curiosamente, é uma das regiões de IPTU mais caro da cidade. Conheço pessoas que já foram assaltadas na frente de casa. Outras que já ficaram em poder de bandidos em vias públicas, em horários normais, sem ser na madrugada.
A questão é: para que pagar o IPTU? Sou eleitor assumido de Jorge Roberto Silveira e esta é minha primeira decepção neste mandato. Em menos de um mês. O IPTU, virou IPGU. Imposto Patrocinador de Ginastas Unidos. Enquanto isso, pessoas morrem assassinadas, crianças não tem o mínimo do poder público e famílias inteiras habitam as ruas da cidade. “Palmas” para a primeira ação efetiva do prefeito de Niterói neste novo mandato. Mordido pela mesma "mosca azul" dos que fizeram o Pan do Rio e dos que planejam as Olímpiadas de 2016 no faroeste carioca. Enquanto isso a população é obrigada a dar um "triplo twist carpado" diariamente para se segurar nas "barras assimétricas" da condução de cada dia. |
