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APAGÃO JORNALÍSTICO
sábado, março 31, 2007
Foto de Chavia Groveman
Já se passaram seis meses desde a queda do avião da Gol que vitimou 154 pessoas, na floresta amazônica, em uma tal de “zona cega” dos radares que monitoram o espaço aéreo brasileiro. O que se viu, de lá para cá, foi uma sucessão de problemas no tráfego aéreo nacional e a imprensa se deu o direito de não investigar a fundo o caso. Apenas publicava matérias em aeroportos, limitava-se a bater em políticos que nada entendem de controle aéreo e pouco se importou com o real problema: a sobrecarga do sistema aéreo brasileiro.

Faça um exercício de memória: quantas vezes você leu sobre as condições precárias de trabalho dos controladores? Isto mesmo. Duas ou três vezes, no máximo, em seis meses, desde que a crise veio à tona. Só agora, quando os controladores aéreos tomaram medidas extremas, como fazer greve, parar de comer e se auto-aquartelar, a imprensa resolveu divulgar a fundo, mas nem tanto, os problemas da classe.

O que há de se discutir é o porquê do jornalismo não ter dado espaço para o real problema. Por que só falar de passageiros nos aeroportos ou de políticos que só reclamam e pouco fazem? A imprensa precisa cumprir seu papel de trazer para o grande público a essência do problema, ao invés de se ater a debates secundários. Só tem gente presa em aeroportos, porque não há equipamentos funcionando bem. Não há uma quantidade razoável de controladores. E não há a menor preocupação com a classe, por parte do governo, que é quem tem que resolver isto.

A imprensa, que adora fazer o papel de questionadora, com razão, não fez isto na situação da crise aérea. Resta pensar e indagar. Cobrar. Agir. Não é possível que só no extremo a imprensa se mexa. Infelizmente, outros interesses dominam a grande imprensa. Vende muito mais jornal escrever sobre aeroportos lotados do que sobre operadores que são sobrecarregados e trabalham sem condições técnicas ideais. Dá muito mais audiência na TV também.

Sendo assim, é mais fácil parar de ver TV, ler jornal, acompanhar a imprensa tradicional. É irritante ser enganado desta maneira. Até quando não existirá um compromisso com reais problemas? Até quando a imprensa vai preferir noticiar o que vende? Até as pessoas perceberem que tudo faz parte de um grande espetáculo. Até a credibilidade ir embora. Se é que ela ainda existe.
posted by S. N. @ 19:18   0 comments
O Autor

Nome: S. N.
Local: Rio de Janeiro, Brazil
Sobre o Autor: Jornalista.

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